quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

SEM SENTIDOS

Este retrato dá-se ares teus mas é um embuste. A minha mão vazia dos teus cabelos continua vazia dos teus cabelos e a tua pele já só vem de trás dos meus olhos. Nem a sombra com que chegavas e partias nem a tua persistência nos lençóis ele oferece... Passo a língua e continuo tão eu, sem as humidades e os sais com que o teu corpo temperava os meus vazios...

O teu retrato, meu amor, nem falar sabe.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

fracasso

sombra de sombra em mim
pedaço do homem
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que não vivi
bicho desatento
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que nunca soube da espera
ave que não aprendeu do vento
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a caminhada da primavera

talvez morrer seja enfim
estar aqui

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

insónia

já não é à noite
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como foi há dias
por trás dos olhos fechados
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o sonho que tinha

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agora a alvorada
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descobre-me assim
um cansaço de sem vida
a viver em mim
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porque agora sou mesmo este sopro
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em horas paradas
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que me atira em gotas de chuva
__________contra a hora que falta