sábado, 7 de junho de 2008

VOGAIS (Rimbaud)

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
De vós direi um dia as origens latentes:
A, corpete sem luz de moscardos luzentes
Que volteiam zumbindo entre odores fatais,

Penumbras; E, candor de vapores e tendas,
Lança em glaciar altivo, alvo rei, fraca umbela;
I, saliva com sangue e riso em boca bela
Sob a ira ou o torpor de quem procura emenda.

U, ciclos, mar de verde em seu vaivém sublime,
A paz do pasto cheio, a paz que sempre e tanto
Nas rugas do estudioso a alquimia imprime;

O, supremo Clarim de silvos ruidosos,
Silêncios penetrados por Mundos e Anjos:
O de ómega, este roxo a raiar em Seus Olhos.