O Júri do Prémio LeYa reuniu esta tarde na sede da editora, em Alfragide, para deliberar sobre a atribuição do Prémio relativo a 2010.
Perante originais que, apesar de algumas potencialidades, se apresentam prejudicados por limitações na composição narrativa e por fragilidades estilísticas, o Júri entendeu que as obras a concurso não correspondem à importância e ao prestígio do Prémio LeYa no âmbito das literaturas de língua portuguesa. Em consequência, e de acordo com a alínea f) do art.º 9 do respectivo Regulamento, decidiu por unanimidade não atribuir o Prémio LeYa referente ao ano de 2010.
1) neste comunicado de 29 de novembro passado o júri esqueceu-se de referir que apenas leu 4 originais escolhidos por uma comissão de leitura de entre 325 obras concorrentes esquecimento grave porque há-de pensar quem não o souber que a argumentação exposta se refere a todas as obras
2) de qualquer texto com boa ou má vontade critério assim ou critério assado se pode concluir que apresenta limitações na composição narrativa e fragilidades estilísticas estas são expressões que pela sua universalidade dizem tudo e não dizem nada e tenho a certeza de que também encaixariam bem os textos premiados no par de anos anterior
3) o prémio leya ainda não tem a importância e o prestígio que o comunicado garante é muito recente para isso ainda falta perceber se os seus premiados anteriores realmente o distinguirão por enquanto o prémio leya e parafraseando o que se costuma dizer do prémio nobel vale o que vale: 100 000 euros
4) eu concorri não sei se o meu texto está entre os 4 com limitações narrativo-estilísticas ou se faz parte dos 321 que foram directamente para o lixo mas cada vez mais me convenço que o comunicado do júri é indelicado e mesmo desrespeitoso no seu conteúdo para quem como eu pensa um pouco o mundo ficou apenas por dizer o mais importante: o júri ou grande parte do júri não gostou de nenhuma das 4 obras que leu
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
tão simples
o grito é como as coisas muito complicadas que exigem palavra certa em rotina impossível
mas um dia entenderás
que sempre a melhor arte é a do silêncio
que o amor nasce e vive entre sussurros
que só puxa pela garganta quem já perdeu o futuro
mas um dia entenderás
que sempre a melhor arte é a do silêncio
que o amor nasce e vive entre sussurros
que só puxa pela garganta quem já perdeu o futuro
setenta e três do quilo
como sempre hoje enfeitei desistências instaladas com sorrisos breves mas largos
comi tudo o que havia no prato a ver se recupero os quilos que me regressem ao mal-estar antigo e também chorei qual prostituta bonitinha quando ao cabo de meia hora um homem a sério veio fazer de mim princesa
num dos blogues que sigo li rasgados consensuais aflitivos elogios de autora e comentadores a um dos livros que mais detestei sabe quem me conhece que me refiro a o velho e o mar de hemingway e que nunca fui capaz de ler outra coisa desse bronco
já no jornal de letras sempre tão intelectualóide constatei mais uma vez que de entre os escritores finitrintões apenas me vai interessando um que se apelida mãe e pai se quer
também no mesmo jornal o meu luxo de fim de ano descobri o autor esquecido do primeiro romance histórico português chamava-se guilherme centazzi e pareceu-me em duas ou três citações bem melhor que o fraquinho do almeida garrett o seu desde sempre sobrestimado contemporâneo
acabo estes desabafos precisamente com uma passagem do centazzi porque foi nela o momento alto do meu dia o momento em que desfiz o sorriso inocente para me desfazer no riso da inveja:
meus escritos (...) não são engendrados à custa das óperas de são carlos; nem meus versos recheados de belos pensamentos alheios, alinhavados com palavras doces como torrões de açúcar (...)
eu cá sou assim...
bom ou mau quero chamar-lhe meu.
nem mais
comi tudo o que havia no prato a ver se recupero os quilos que me regressem ao mal-estar antigo e também chorei qual prostituta bonitinha quando ao cabo de meia hora um homem a sério veio fazer de mim princesa
num dos blogues que sigo li rasgados consensuais aflitivos elogios de autora e comentadores a um dos livros que mais detestei sabe quem me conhece que me refiro a o velho e o mar de hemingway e que nunca fui capaz de ler outra coisa desse bronco
já no jornal de letras sempre tão intelectualóide constatei mais uma vez que de entre os escritores finitrintões apenas me vai interessando um que se apelida mãe e pai se quer
também no mesmo jornal o meu luxo de fim de ano descobri o autor esquecido do primeiro romance histórico português chamava-se guilherme centazzi e pareceu-me em duas ou três citações bem melhor que o fraquinho do almeida garrett o seu desde sempre sobrestimado contemporâneo
acabo estes desabafos precisamente com uma passagem do centazzi porque foi nela o momento alto do meu dia o momento em que desfiz o sorriso inocente para me desfazer no riso da inveja:
meus escritos (...) não são engendrados à custa das óperas de são carlos; nem meus versos recheados de belos pensamentos alheios, alinhavados com palavras doces como torrões de açúcar (...)
eu cá sou assim...
bom ou mau quero chamar-lhe meu.
nem mais
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
um homem melhor (lhasa de sela - el deserto)
primeiro consolo: desistir ele de procurar desistir tanto e de tal maneira... mas que procura foi essa mesmo?
segundo consolo: não ressentir a tua procura essa procura que o exclui e que ainda há pouco tanto lhe doía
a medida justa?
o repetido filme nocturno em que tu esperas um filho que não é dele
e isso já o não despertar
e isso não amarrotar a vida
e as suas mãos estarem vazias porque vazias são
a partir de agora esse homem deixa de sonhar
segundo consolo: não ressentir a tua procura essa procura que o exclui e que ainda há pouco tanto lhe doía
a medida justa?
o repetido filme nocturno em que tu esperas um filho que não é dele
e isso já o não despertar
e isso não amarrotar a vida
e as suas mãos estarem vazias porque vazias são
a partir de agora esse homem deixa de sonhar
sábado, 25 de dezembro de 2010
friu
no terceiro ano do meu curso de psicologia um docente da casa que vinha de alguns anos a ensinar na universidade do minho informou-nos que em lisboa nunca se constipava porque em lisboa não havia frio o que havia era friu
à parte a brincadeira que nem todos perceberam e que se explica por muitos lisboetas se referirem ao rio como quem dele sempre se riu a verdade é que eu já não sei que mais fazer para aguentar o gelo da casa
às vezes apetecia-me largar esta vida sentada ao computador e pôr-me a viver sem destino livre da cabeça e de pulmão cheio
às vezes sonho deixar que o tempo corra por mim e me apanhe desprevenido num mundo que gire sem o meu peso
que bom seria poder constipar-me a sério
à parte a brincadeira que nem todos perceberam e que se explica por muitos lisboetas se referirem ao rio como quem dele sempre se riu a verdade é que eu já não sei que mais fazer para aguentar o gelo da casa
às vezes apetecia-me largar esta vida sentada ao computador e pôr-me a viver sem destino livre da cabeça e de pulmão cheio
às vezes sonho deixar que o tempo corra por mim e me apanhe desprevenido num mundo que gire sem o meu peso
que bom seria poder constipar-me a sério
il ne faut pas devenir amer
as únicas férias que tive levou-me nelas a sophie
fazia verão em noventa e três e então como hoje
eu não era grande espingarda
daquelas duas semanas e meia de portugal lembro algumas alegrias e muitos castelos mas sobre tudo a tristeza por mais uma paixão em solilóquio
os anos apuram e nos temperos do fracasso me fui requintando
só tenho pena de ter perdido olhos para as coisas simples
e não poderia lamentar mais ter amargado tanto
ela já temia que tudo isto poderia acabar assim que ao caldeirão da minha centésima desistência não se cansava de soprar:
ah mon cher tozinho il ne faut pas
devenir amer
fazia verão em noventa e três e então como hoje
eu não era grande espingarda
daquelas duas semanas e meia de portugal lembro algumas alegrias e muitos castelos mas sobre tudo a tristeza por mais uma paixão em solilóquio
os anos apuram e nos temperos do fracasso me fui requintando
só tenho pena de ter perdido olhos para as coisas simples
e não poderia lamentar mais ter amargado tanto
ela já temia que tudo isto poderia acabar assim que ao caldeirão da minha centésima desistência não se cansava de soprar:
ah mon cher tozinho il ne faut pas
devenir amer
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
a mais certinha das ciências
chegada pela manhã e para o café trazia olheiras na mais recente confissão dos astros
planetas quase tudo recordo bem mas ó luís
há mais que sol para nome de estrela
logologo inquiria e tu? e sempre me gritigriticriticava
esta rota de carneiro em rotina de balança
até que um dia nos perdemos de tanto nos termos perperdido
o que só prova pó com pó
que a astrologia é patranha maior ou mesmo até
a mais certinha das ciências
planetas quase tudo recordo bem mas ó luís
há mais que sol para nome de estrela
logologo inquiria e tu? e sempre me gritigriticriticava
esta rota de carneiro em rotina de balança
até que um dia nos perdemos de tanto nos termos perperdido
o que só prova pó com pó
que a astrologia é patranha maior ou mesmo até
a mais certinha das ciências
sem
a partir daqui os dias crescem
e talvez tenha sido este o último solstício
a deus e a marx esses que tanto hipócrita junta nas capelinhas de hoje só peço que de algum modo se me dê o próximo equinócio
de resto que se foda o meu futuro
e talvez tenha sido este o último solstício
a deus e a marx esses que tanto hipócrita junta nas capelinhas de hoje só peço que de algum modo se me dê o próximo equinócio
de resto que se foda o meu futuro
canto do sencisne
quem vertigem fosse em garrafa de-----pode ser cerveja pode-----e sobrevivesse ao futuro durante o escorrega da fronteira castanha-----e cuspisse desprezo sobre os antirreticentistas da moda-----
e fizesse isto ... ... ... ... isto ... ... ... e mais isto ... ... ... até à náusea
eu já sei que perdi-----agora quero mais é andar à roda
e fizesse isto ... ... ... ... isto ... ... ... e mais isto ... ... ... até à náusea
eu já sei que perdi-----agora quero mais é andar à roda
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
meio dom da natura
de bocage o desprendimento o negócio impossível e claro a penca
de tolentino a ânsia por mama o auto-empequenecimento e claro mais nada
de atitudes malconciliáveis comportamentos cambaiados
e amorrece por transes da ventura
o mísero cavalo lazarento
de tolentino a ânsia por mama o auto-empequenecimento e claro mais nada
de atitudes malconciliáveis comportamentos cambaiados
e amorrece por transes da ventura
o mísero cavalo lazarento
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
tão inverno
dezembro fez-se tão inverno que se eu pudesse
metia a vida no quarto
talvez então dormisse muito
_____quente dos cobertores e da flanela nos lençóis novos
_____e do cão que suspira e aconchega e encaracola
talvez e nesse caso os sonhos filtrassem a tristeza
como água nas paredes que a espera rachou
talvez e também nesse caso
durante muitos anos me escondesse a vida
e só me despertasse quando também eu já fosse inverno
bem pior vão as primaveras de que me tens falado
metia a vida no quarto
talvez então dormisse muito
_____quente dos cobertores e da flanela nos lençóis novos
_____e do cão que suspira e aconchega e encaracola
talvez e nesse caso os sonhos filtrassem a tristeza
como água nas paredes que a espera rachou
talvez e também nesse caso
durante muitos anos me escondesse a vida
e só me despertasse quando também eu já fosse inverno
bem pior vão as primaveras de que me tens falado
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
crónica
experimentei palavra a palavra
com pronúncia cheia e dias de permeio
havia as que eram nomes como os nomes que nos demos
e também as que eram tarde se foi tarde que nos quisemos
mas a maior parte nascia da morte
e palavra com palavra a morte veio mesmo
pela esquina esperada
ainda assim passou imenso tempo
como quem no abismo trabalhasse
e não trabalhasse mais que o regresso
com pronúncia cheia e dias de permeio
havia as que eram nomes como os nomes que nos demos
e também as que eram tarde se foi tarde que nos quisemos
mas a maior parte nascia da morte
e palavra com palavra a morte veio mesmo
pela esquina esperada
ainda assim passou imenso tempo
como quem no abismo trabalhasse
e não trabalhasse mais que o regresso
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
pelas pessoas felizes
1. deixa partir em ti quem já de ti partiu sobretudo e se não o conseguires abafa esse estúpido e repisado grito de ajuda com que aborreces as pessoas felizes
2. mente bem mente muito e contra todos os puristas que só vêem mentiras nas mentiras dos outros mente acima de tudo para fugir às longas e aborrecidas conversas sobre o binário dos automóveis e mente ainda mais muito mais nos gestos e palavras com que garantes estar bem às pessoas felizes
3. investe na arte da ausência aprende-a melhor não desistas mesmo que por hipótese ta ponham à prova nunca te esqueça que não há melhor presente que a tua ausência para as pessoas felizes
4. podes escrever muito se quiseres mas escreve para ti evita o mais que puderes esta coisa dos blogues e dos livros que as tuas queixas não agradam nada nos escaparates das pessoas felizes
5. e já agora se não for pedir muito morre mais rápido não seria grande a alegria posto que és insignificante mas sempre abririas o champanhe de algumas pessoas felizes
2. mente bem mente muito e contra todos os puristas que só vêem mentiras nas mentiras dos outros mente acima de tudo para fugir às longas e aborrecidas conversas sobre o binário dos automóveis e mente ainda mais muito mais nos gestos e palavras com que garantes estar bem às pessoas felizes
3. investe na arte da ausência aprende-a melhor não desistas mesmo que por hipótese ta ponham à prova nunca te esqueça que não há melhor presente que a tua ausência para as pessoas felizes
4. podes escrever muito se quiseres mas escreve para ti evita o mais que puderes esta coisa dos blogues e dos livros que as tuas queixas não agradam nada nos escaparates das pessoas felizes
5. e já agora se não for pedir muito morre mais rápido não seria grande a alegria posto que és insignificante mas sempre abririas o champanhe de algumas pessoas felizes
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