sábado, 16 de julho de 2011

desencontro


Via passar essa mulher de luto
pelo marido morto o ano passado
- e ela e eu, escondendo o choro, lado a lado,
éramos menos sós por um minuto.

Aprendi a esperá-la, resoluto,
e ela a fazer-me o aceno recatado
da bela que sem sonho nem pecado
um pouco se detém no olhar do bruto.

Mas há três dias que ela traz a cor
do futuro - e nas minhas tardes frias
lentamente esmorece o nosso dueto.

Como pôr um sorriso, como pôr
na minha cara as novas alegrias
se eu cá por dentro continuo preto?