terça-feira, 29 de maio de 2012

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Em redor do meu corpo, até os chorosos riam. Se eu pudesse, morreria de novo.

first we take Lisbon, then we take Moscow


Angela Merkel deixando escapar os planos da Alemanha: o Quarto Reich será tão vasto que a capital terá de ser transferida de Berlim para Moscovo. Está a correr bem.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

haikai xv

tenho hoje no teu retrato
a confirmação de que também o tempo
se pode guardar nos bolsos.

sábado, 19 de maio de 2012

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Fosse eu protestante, judeu, muçulmano - tivesse, enfim, respeito pelo meu tempo. Mas não, sempre fui católico em pele de agnóstico, desculpem qualquer coisinha.  Que raios, ao menos fosse budista...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

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A vida faz-se de fazê-la,  não vale a pena demorarmo-nos sobre o que não será se ou sobre o que teria sido se. Que a indecisão e o arrependimento se limitem a apontar-nos o sofrimento desnecessário.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

30.04.2012 - 11.05.2012


Estou muito preocupado com o Bê-Dê, há três dias que mal come. Lá ando a bater às capelinhas, a tentar juntar umas coroas para levá-lo ao veterinário. Ponho-me a pensar e ando nisto desde que me lembro, sempre a torcer para que não haja nenhuma urgência de euros, sempre a ter de pedir ajuda quando essa urgência aparece, sobretudo quando são os meus bichinhos que estão em causa.

Desconfio que ainda estarias vivo se eu tivesse sido um pouco menos pobre.

Já tenho comigo um exemplar do novo livro. Gosto do objecto mas falta-me coragem para reler o texto. Terá uma ou outra gralha, têm sempre. E continuará a provocar, à parte a indiferença, reacções díspares e tentativas de resumo da minha escrita. Para uns, o meu valor maior está na construção das personagens e sou um poeta menor; mas também já me disseram que não passo de um razoável poeta armado aos cucos, que não percebe nada dos outros e que, enfim, deveria manter-se no seu cantinho. Alguns, ainda, acham-me um bom escritor e ponto. E, como não, há quem já tivesse tido a coragem de me dizer que sou uma merda nisto das letras. Confesso que não é fácil ouvir - porque escrever é única coisa a que me vou ajeitando.

Bem... a única talvez não, que agora vem a notícia da semana: ontem fiz dez tórridos e inclinados quilómetros em 43m22s. Nada mau para o teu velho, hein?

Ia morrendo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

que inútil o meu tormento


Manhoso, egoísta, cruel,
esse deus em que eu te quis
ainda baixa ao papel
a ver se o  fazes feliz.

Acredita ele que assim
o compreenderás melhor,
que só através de mim
é que o saberás de cor.

Mal se distraia um momento,
hei-de apagar todo o poema.
Que inútil o meu tormento
se tu segues tão serena...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

atrasavas-te


Atrasavas-te. Eu à esquina
sempre em busca do teu rosto
e desse olhar de menina
que, dizem, ainda tens posto.

E atrasavas-te. Ao contrário
do que é costume, eu escondia
nas parangonas dos diários
os estragos da minha vida.

Mas atrasavas-te. E viesse
o café que viesse, e fosse
no teu ar o ar que esquece
- pouco importa, eu nunca soube.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

fundo

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A verdade é que os amigos
já não te batem à porta,
que o vaivém do amor antigo
é hoje vai que não volta.

No sofá dos dias planos,
nem televisão tens visto,
e é tão grande o teu desânimo
que até desistes dos livros.

Vives de pão, enlatados
e margarina vaqueiro;
isso e o peso do passado
são o teu futuro inteiro.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

amor tão certo


Voltou a pegar no mundo bem depois do meio-dia, sempre aquele olhar defunto de quem já nada aprecia.

E, no entanto, confessou-me que o comprimento da cama é todo feito de um nome e da certeza de que ama.

Que só dormindo, aliás, e em sonhos te guarda perto, que a vigília nunca traz o prémio de amor tão certo.