terça-feira, 18 de junho de 2013

a nossa viagem já não sai do cais (2004)

Qual a lasciva chama que, ofegante,
falece na matéria consumida,
cravei de tuas unhas cada instante,
esmiuçaste, séria, a minha vida.

Cavalgámos o tempo a solta rédea
mas sempre fomos os outrora-amantes;
a nudez da alvorada embala a réstia
de olvido, agora, sob os corpos de antes.

E embora estejam de feição o vento
e de partida quase as caravelas,
há neste oceano largo nós a mais.

Nunca fomos bastantes para o invento,
nunca importantes para a descoberta.
A nossa viagem já não sai do cais.

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