terça-feira, 18 de junho de 2013

constante luto (2005)

Os cães que vivem apesar de tudo,
como aqueles que sobram do que fomos,
contam-me as noites em constante luto,
aos pés da minha cama e do meu sono.

Alheios, quase, a avanços e recuos,
bocejam, de olhos vagos, este outono,
o sol, a chuva, aqueles passos surdos,
desde que tu partiste e somos outros.

E adormeço depois como este outono,
o sol, a chuva, os nossos passos surdos,
os cães que vivem apesar de tudo.

Como aqueles que sobram do que fomos.
Aos pés da minha cama e do meu sono.
Dias sem dias. Em constante luto.

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