segunda-feira, 17 de junho de 2013

noventa palavras e um soneto (2004)

No tempo das princesas eras essa
de caracóis compridos e sardinhas
em cujo colo adormecia a pressa
de que todas as horas fossem minhas.

A primavera, então, de quem começa,
floria no teu corpo às adivinhas;
e eu, que nunca gostei de quem mo impeça,
exauria o silêncio que me tinhas.

Mas chegámos enfim a este dia
de passear a avidez do meu esqueleto
com a nossa morte apenas por recinto

- porque ainda espero, à sombra fugidia
de noventa palavras e um soneto
afogados em pena e vinho tinto.

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