quinta-feira, 12 de setembro de 2013

cadáveres da vida

Agora, muito contra o meu costume,
ando com apetite para a noite,
que, volta a volta, toda se resume
na ânsia de uma aurora que me acoite.

Busco, de olhos abertos ao negrume,
outra manhã que os feche; o adeus foi-te
fácil, mas por mais que ele me desarrume
tem sido também ele o meu açoite.

Como vês, muito embora sempre o esconda,
vou lançando sementes de regresso
à terra sempre fértil da partida.

Como vês, é de estudo a minha ronda
e sobrevoando a morte ainda me interesso
em dissecar cadáveres da vida.

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