quarta-feira, 24 de setembro de 2014

uma palavra tua, Francisco...


Papa Francisco,

Tendo a distrair-me e a julgar que o meu corpo é o centro de tudo e a espécie a que pertenço o centro do mundo. Mas, apesar de não frequentar a Igreja, os ensinamentos de Cristo têm sido uma das referências na minha luta diária contra esta tendência ego-antropo-cêntrica.

Infelizmente, tenho-me apercebido de que as pessoas "mais religiosas" do meu país estão entre as menos atentas à natureza. Em Portugal há, por exemplo, uma antiga ligação entre as touradas e a Igreja Católica e os maiores defensores desse "espectáculo" de tortura são católicos. Aqui, os principais ataques dirigidos aos defensores de animais são feitos por supostos católicos praticantes.

Ora, eu não creio que Cristo defendesse as torturas e, em geral, os maus-tratos infligidos aos animais nas áreas da diversão, da investigação e da indústria alimentar. Até porque é minha convicção de que no amor aos animais começa o amor à obra de Deus. Sei que no Antigo Testamento são comuns os sacrifícios a Deus; mas também tenho a ideia de que Cristo firmou um pacto novo entre Deus e os homens e que, há muito tempo, essas práticas bárbaras deixaram de fazer sentido. Estarei errado?

Tenho a certeza, pelo que vou seguindo do teu pontificado, que te empenhas em defender os que não têm voz. Então, diz-me, por que razão os fiéis continuam tão insensíveis ao sofrimento das outras espécies? Sobretudo gostaria de saber: será que uma palavra tua, criticando abertamente os maus-tratos aos animais e dando exemplos desses maus-tratos - será que uma palavra tua não os faria pensar melhor no que andam a fazer?

Um abraço do

luís

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