domingo, 1 de setembro de 2013

Ai Deus, que eu já piropei!

Gostaria muito de me unir ao esforço de Elsa Almeida e Adriana Lopera, do Bloco de Esquerda, que ontem de manhã se deslocaram ao Liceu Camões, indignadas com o piropo. Para tal, só preciso que elas me expliquem bem o que é um piropo.

É que vou ao dicionário e vejo estas definições: palavra ou frase lisonjeira que normalmente se dirige a uma pessoa bonita; galanteio; madrigal. Duas delas não me parecem mal, deve ser da minha criminosa insensibilidade; mas a última, essa faz-me levar as mãos à cabeça. Ai, Deus, que eu já piropei! Eu que, por timidez e medo à estalada, pensava não ter tendência para esse tipo de crime, confesso que já compus e ainda vou compondo os meus madrigais. Pior ainda, repetidamente às mesmas mulheres e, às vezes, até a mulheres para quem sou um estranho! Ai, Deus que eu já cometi "violência de género". Ai Deus, que eu já assediei.

Já agora, também gostaria que elas me explicassem se os piropos são só de homem para mulher, como sempre referem, ou se também há piropos de mulher para homem, como a primeira definição de piropo parece contemplar. E se, nesse caso, têm igual gravidade. Aquela mulheraça míope ou delirante que há dias me confundiu por bonito e me chamou de pão - estava a cometer o crime do piropo? Ai, senti-me tão assediado... tão assediado por estes pensamentos criminosos de, escapando por fim à mania do madrigal, lhe dizer em bom português que ela era boa como o milho...

Na impossibilidade de ter assistido ao debate desta manhã no Liceu Camões, explicai-me, Elsa e Adriana, o que é para vós um piropo. É que eu quero muito acabar com o piropo. Mas, claro, só se for o vosso.

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