em agosto não te chateio por isso não te chateies
seria de bastante mentecapto aos nossos anos
eu não ter ainda entendido que em agosto
mudas de mundo e deixas em espera este mundo tão
desagostoso
que é o nosso e que por definição
te azucrina os miolos
quando regressares no início do longo
desagosto
que te é pausa de vida e inverno por inteiro
pensarás como sempre sóis e eu bem sei que sempre sóis
trezentos e trinta e quatro
são os sóis por que se estende
esta peça de teatro
que já nada surpreende
cansa-me a tua presença
antóneo ah quanto me cansa
quanto me deixa hipertensa
essa tua pose mansa
não me dês cabo da mona
se o bom senso to permite
estou farta assim não funciona
estou para lá do limite
há já vinte anos que agosto
é a ausência do teu rosto
e eu maria já não farei o que sempre fiz pois de
existir persistir insistir
me cansei
desta vez hei de oferecer-te agosto depois de agosto
acabou-se o teu desagosto
é hora de eu desistir