sábado, 1 de junho de 2019

primeiro café da tarde II

Não sei por que me dizes que sou um mau cidadão
quando critico este inacreditável
sistema que me suga a alma,
não sei por que me chamas de categórico
quando na minha deprimida dicotomia
opino que a prosperidade não se exibe.

Não sei por que me vincas a desistência
quando lamento o assassínio da figueira
sem nunca ter lutado por ela,
não sei por que garantes que o meu receio
é merecido em face dos crimes que cometi.

Não sei por que me tiras a cama
quando bebo em taça de vinho,
não sei por que nunca reconheces
que estou aqui,
não sei por que nunca arranjaste piedade
para admirar em mim um gesto que fosse.

Não sei por que nunca entendeste
que a falha me persegue e o elogio
é o meu ponto fraco.
Não sei por que ainda estás aqui.
Não sei por que te amo ainda.



Sem comentários:

Enviar um comentário