domingo, 3 de maio de 2020

SONETO DE UMA VIDA INTEIRA


Quando fores velhinha e nós olvido
e eu do que sou nem rasto nem ruína,
talvez reencontres num papel perdido
o homem que nestes versos te imagina.

Sempre à espera de um troço repetido
na tua busca sempre de menina,
pus neles o sinal mais bem medido
de uma longa jornada clandestina.

Pois fiz de cada instante um desafio,
uma nova alvorada da cegueira
com que me vias tiritar de frio.

Pois dia a dia fiz da vida inteira
o sonho de um só dia. E desconfio
que faria outra vez de igual maneira.

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