quinta-feira, 13 de agosto de 2020

primeiro café da tarde XX

A Jorge Fortes. Para ele, eu ando metido em trabalhos de Sísifo.


É comum que ao fim da tarde o sol me encontre
de moscatel na mão à espera da noite lampa,
os olhos postos na pedra extirpada
que do chão se ergue acima do que sou.
É essa a hora em que peso o tripálio do dia,
enquanto evaporo na língua a serôdia
solução sob o peso da penumbra.
É essa a hora de Sísifo sem amargura,
ardiloso e rotinado Sísifo no trabalho
da minha retina.

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