hoje quase me deu para telefonar-te
de madrugada e quando ia a manhã a meio
também se adormeci e se fazia tarde
quase quase à noitinha e à hora em que me leio
no cansaço do sol nos desmandos da lua
hoje quase me deu para me pôr brejeiro
e ao longe desnudar-te até que fosses nua
e de tão servo teu brincar a ser teu dono
no constante cadinho em que fiel se apura
à beira da tua alma o abismo do meu corpo
hoje quase me deu para reinventar-te
quando a meio do sono antecipasse o sonho
e o vento como agora aflito nos buscasse
nos escaninhos da espera entre as esperas de quem
da obstinação fizesse a sua única arte
hoje quase me deu para ser o que vem
hoje quase me deu para ser o que parte
hoje quase me deu para ser o que tem
entre astilhas da morte o talento de amar-te
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