quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

setenta e três do quilo

como sempre     hoje enfeitei desistências instaladas com sorrisos breves mas largos
comi tudo o que havia no prato a ver se recupero os quilos que me regressem ao mal-estar antigo     e também chorei qual prostituta bonitinha quando ao cabo de meia hora um homem a sério veio fazer de mim princesa

num dos blogues que sigo     li rasgados consensuais aflitivos elogios de autora e comentadores a um dos livros que mais detestei          sabe quem me conhece que me refiro a o velho e o mar de hemingway e que nunca fui capaz de ler outra coisa desse bronco

já no jornal de letras     sempre tão intelectualóide     constatei mais uma vez que de entre os escritores finitrintões apenas me vai interessando um que se apelida mãe e pai se quer

também no mesmo jornal     o meu luxo de fim de ano     descobri o autor esquecido do primeiro romance histórico português         chamava-se guilherme centazzi     e pareceu-me em duas ou três citações bem melhor que o fraquinho do almeida garrett     o seu desde sempre sobrestimado contemporâneo

acabo estes desabafos precisamente com uma passagem do centazzi     porque foi nela o momento alto do meu dia     o momento em que desfiz o sorriso inocente para me desfazer no riso da inveja:

meus escritos (...) não são engendrados à custa das óperas de são carlos; nem meus versos recheados de belos pensamentos alheios, alinhavados com palavras doces como torrões de açúcar (...)
eu cá sou assim...
bom ou mau quero chamar-lhe meu.

nem mais

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