Anoiteceu.
O vento marulheiro
baloiça a chuva
e eu deixo-me embalar
no sussurro da velha árvore.
Segredei-lhe todo o dia
tantas coisas tão minhas...
e sob ela sempre
poalhou apenas.
(Não vão dizer à minha mãe,
que não me quer constipado).
A Maria há pouco
deu-me as boas noites
e chamou-me louco...
Eu ri muito
como se estivesse louco
e disse-lhe ao ouvido
um segredo nosso.
A Maria... moça amiga.
Maria, não digas à minha mãe
que me chamaste louco.
Agora saboreio
um cigarro apagado
(a árvore amiga,
parece que acinte,
sempre que o acendo
sempre que o apaga)
e escrevo estas coisas
num caderno molhado.
Não digam à minha mãe
que eu escrevo versos.
Enquanto isto vou pensando
que talvez... que talvez...
Não tenho a certeza,
mas neste resto de vida
tudo há-de correr
às mil maravilhas
e amanhã
talvez nem seja
talvez de novo!
Mas, Maria, não digas à minha mãe,
que não me quer indeciso.
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