quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

primeiro café da tarde XII


Enquanto ignorei a inoportuna impossibilidade
de todos os meus descaboucados futuros,
nenhuma luz me cegou, em nenhuma fogueira ardi,
na tua existência se ia construindo a casa.

Às vezes penso como seria essa casa.
Não a casa casa, claro, mas a casa um tecto e tanto faz quantas paredes
empoeirados pelos pedaços desatentos da minha indolência,
cimentados pela inevitável busca da tua vontade.

Todos os dias eu experimentaria os sonhos que medisses
para ti e para nós, mesmo quando estivesse doente, até mesmo
quando tentasses o amor com os teus magoados apodos
ante a instalação paulatina da minha fácil rotina.

Não sabes disso, como poderias saber?, mas durante grande parte
da minha última vida fui guardião corajoso do sol das manhãs.
Antes da me extinguir tive a longa expectativa de à noite
nos derramar no teu regresso. Paulatino e sábio porque era tudo meu.


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