segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

SONETO DO CÃO TRANSPARENTE

(Para o Piloto)


Chamemos-lhe dono. Abre a porta da
casa, o sol já a trinta graus,
e faz que não vives. Agora há os
vaivéns da tua dor errada,
esses gemidos abafados
que o vento rouba à madrugada
e deposita noutro lado,
longe, bem longe, de quem passa.

Ignora-os também. Nem sequer
ao despedir-se da mulher
percebe os vestígios da cauda
feliz de quando foste novo.

Havia um tapete à entrada
onde sonhaste antes de morto.


Leceia, 2016 [Para o Piloto]

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