sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
soneto do ex-pirómano
No ano 2009 tornei-me outro.
Frágil. Bem mais poltrão do que pensara
possível. Tanto assim que caí morto
no incêndio que aticei à velha casa.
Certo é que, desde então, perdi o gosto
pirómano. Hoje não transporto nada
nos meus gestos que possa fazer fogo
e furto-me com zelo a tudo o que arda.
Dizem amigos que perdi o gás,
que o combustível de falhar em frente
é o que me embaraça o passo atrás.
E eu rio do eufemismo. Diariamente,
na casa em cinzas arranjei maneira
de atirar cinzas à cidade inteira.
Lisboa, 2014
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