não é por baquetas os meus dedos tamborilarem o tampo da mesa
que a gata deixa de ser gata
no insolente âmbar dos seus olhos arde
o fascínio que prepara o rebate
tu não estás quem há pouco ronronava
murmuro em decassílabo perfeito
quando atento na cena e me distraio
no labor digital de outro soneto
não há problema ó lia ultimamente
não sei porquê malbaratei o ritmo
e a precisão das sílabas no verso
já só os dedos podem confirmar-ma
ela desvia o olhar pela primeira vez
e eu pela segunda liberto os dedos
um dois três quatro seis sete oito dez
um dois três quatro seis sete oi to dez
em busca de outros modos e melhores
de ensinar o que nunca pratiquei
eis senão quando o rebate se dá
a unhada o mio
deixa-te disso poeta malandro estás a irritar-me
e o sangue mancha-me o último terceto
e a dor lancina-me os versos restantes
ah ingrata estragaste-me o soneto
estraguei-te o soneto?
mas tu não percebeste nada antóneo?
a contagem era péssima e à parte isso o soneto
era uma porcaria
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