o que me lembra do primeiro café da tarde
no tempo em que o tomávamos quando eu te visitava
estou cá em baixo hoje podes?
ou tu me procuravas em me eu arredando
por onde tens andado meu amigo?
e as visitas e as procuras soíam enredar mais
do que indubitáveis chegadas e longas travessias
o que me lembra e todos os dias me lembra desse café embarcado
na lenta clepsidra do teu olhar no meu olhar no teu olhar
o que me lembra desse café não caberá à justa nestes que nisto se fez
ah pois é estou certo de que hoje seria impossível ou no mínimo complicado
acondicionar na mesma embalagem estes que nisto se fez
as rugas não são apenas à superfície como é óbvio o que já por si dificultaria
o ajuste de esperas avanços retrocessos
acresce aliás que embora o hábito no-lo renegue a geometria
impecável dos homens não se compadece
do aqui que ali se dilatou do ali que aqui se contraiu
amorfámo-nos amiga é o que é espatifámo-nos na curva
de que estávamos avisados e que ainda assim quisemos inventar
mas de que outra maneira havia de ser a vida?
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