sábado, 16 de junho de 2007

A FORÇA DA GRAVIDADE


à parte isso que tu aí lhes dizias_____continuo a gostar muito de ter vestido assim_____sempre da mesma hora e da mesma roupa_____ enquanto o verão nos lambia por taça escura

tinto retinto de todo o tinto que por aí bebia
_____cabeça suja de mal-estar contra a parede fria dos azulejos_____estava sempre de regresso__________ _____e fazia-te um esboço de aceno_____e um princípio de sorriso_____e era esse o golpe do mestre_____
em desequilíbrio sobre o fio da caneta lassa

sentava-me sem reservas
_____esfregava-me por dentro _____ obrigava-me a duas lágrimas_____ainda que pequenas_____para diluir os versos de ontem a um canto da toalha_________ não é preciso entender mais do que isto para me entenderes quase todo__________à parte isso que tu aí lhes dizias_____escrevia coisas____sabes_____coisas_____ e se me pareciam diferentes _____era feliz por um minuto ____que era o minuto em que eram diferentes__________________ depois aborrecia-me__ ______ __________todos os meus dias morriam assim_____no cesto do lixo____
entre pacotes de açúcar sem açúcar e guardanapos ensopados de gordura

à parte isso que tu aí lhes dizias
___a única gravidade era ___ então ___ a inesperada ausência das asas

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