terça-feira, 29 de junho de 2010

MACARRONICES

Quando alguém me pede uma informação em inglês, tenho um primeiro tique de má vontade. Se me parecer que, para essa pessoa, é suposto eu percebê-la e responder-lhe na mesma língua, já me aconteceu mandá-la passear com um não sei. Mas se ela começar com porrr favorrr: do you speak english, puxo do mapa com um a little bit e descarrego-o straight ahead, apesar das limitações e do sotaque.

O preço da ecumenicidade da língua inglesa é mesmo esse: o de ser maltratada. Se todos somos obrigados a usá-la, no mínimo todos podemos torpedeá-la. Aliás, o que me faz rir é precisamente o contrário: um português com todos os maneirismos e toada típicos dos ingleses.

Mas o que me faz rir ainda mais é um português sem ponto de equilíbrio. Ultimamente, que me lembre, vi três na televisão, cujas motivações não consegui perceber. Há uns tempos surgiu Sócrates-o-do-ministério a tropeçar em castelhano. Foi tão confrangedor que, entre os risos, deixei-me envergonhar no enterro do meu sofá. O mesmo aconteceu ontem, quando Carlos Queiroz maltratou a mesma língua. E o mesmo, ainda, quando o escritor António Lobo Antunes se pôs a falar um português-de-perfume-postiço ao responder a um conjunto de jornalistas brasileiros.

Os espanhóis e os brasileiros percebem muito bem o nosso português. Pronunciem-se as palavras à nossa maneira, devagar e completamente como eles deveriam fazer com as suas. O esforço não tem de ser só nosso, não sejamos ridículos.

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