terça-feira, 15 de junho de 2010

O MAIOR DOS ISMOS

Lembro-me de ter lido o «Pauis» do Fernando Pessoa e rir-me de assim se ter fundado o Paulismo… Provavelmente era uma incapacidade minha – que se mantém –, mas a verdade é que ainda tenho aversão aos ismos, brotem eles de um poema ou de um conjunto mais integrado de pensamentos e obras de vários autores.

Isto a propósito do maior dos
ismos
, o que serve mesmo para tudo sem servir para nada: o pós-modernismo. Confesso que nunca me dediquei a ler uma daquelas obras tipo «O que é o Pós-Modernismo?», e que começam por dizer que definir a coisa… é coisa muito, muito complicada. Por isso, o que acontece é que, na minha inculta humildade, apenas vou apanhando uma afirmação aqui, uma negação ali, daquilo que vão dizendo os que se dizem pós-modernistas… ( A propósito, parece-me que detestam as reticências: é que toda a palavra já tem as suas reticências........................)

Neste apanha-aqui-apanha-ali, tenho lobrigado, ultimamente, um conceito que me parece ser-lhes muito querido. Usando uma imagem que neste mês de Junho até faz algum sentido, garantem que um criador tem de meter a bola do lado do leitor/espectador: que este é que tem de construir o significado, blá-blá-blá, blá-blá-blá. À parte o aspecto irritante de as auto-catalogadas obras pós-modernistas exagerarem na auto-referenciação, auto-promoção, auto-etc., o que se me oferece dizer é simples:

E não foi sempre assim? Desde quando o significado construído por cada leitor (e os vários leitores que é um mesmo leitor, consoante o dia e a hora do dia…), desde quando esse significado é igual ao do autor? Se nem este, quando lê o que escreveu, o entende como entendeu! E se nem este chegou a escrever o que pensou... Se este, muitas vezes, apenas escreveu para pensar…

O pós-modernismo, sinceramente, parece-me ser coisa de sempre. Um autor, ainda quando o negue, apenas quer seduzir com e para o texto/espectáculo. O resto são balelas, multiplicação de etiquetas para invariantes, ruído.

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