sexta-feira, 1 de novembro de 2019

SONETO DA CONSTRUTORA DO MEU PASSADO

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Não consigo inibir-me de um sorriso
no momento em que dizes, rapariga,
que a nossa história foi bem sucedida,
que não há que chorar qualquer prejuízo.

Agarras-me na mão com um suspiro,
pões o teu ar mais sério e rejubilas,
«Eu sempre fui, Antóneo, tua amiga,
tu foste sempre, Antóneo, meu amigo.»

E atestas esse invento e bom prenúncio
com uma lista de episódios nossos
que são notáveis mas que não recordo.

Até na despedida investes fundo
nesse modo sincero e despojado
com que vais construindo o meu passado.

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