a minha malquista poesia nunca apeteceu a qualquer tipo de edição e nunca algum prémio por menos concorrido que fosse a quis sequer mencionar
lembro-me a propósito de ter enviado há muitos anos alguns dos meus versos para o conhecidíssimo dn jovem nunca pude esquecer o comentário que recebi numa página em que o suplemento se dirigia aos autores impublicados e que resume o meu catálogo: "os seus versos quase convenceram mas escrever poesia é mais do que escrever bem"
embora se possa dizer que as conclusões a retirar não serão essas necessariamente sempre tive muitas dúvidas sobre o valor do que escrevo em geral e nestes dias de chuva até me tem apetecido concordar com os que dizem e alguns são que a minha desarte é uma fábrica de salsichas ou tijolos
contra os argumentos que de mim para mim tenho contraposto e que me vão permitindo insistir hoje concordo hoje concordo sim até porque estou farto de ser como estou
mas todos procuramos iludir a morte e eu só encontro esta saída na abissal solidão em que fui embrulhando a vida
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