sábado, 30 de outubro de 2010

a dor de ser quase

a minha malquista poesia nunca apeteceu a qualquer tipo de edição e nunca algum prémio     por menos concorrido que fosse     a quis sequer mencionar
lembro-me     a propósito     de ter enviado há muitos anos alguns dos meus versos para o conhecidíssimo dn jovem          nunca pude esquecer o comentário que recebi numa página em que o suplemento se dirigia aos autores impublicados e que resume o meu catálogo:     "os seus versos quase convenceram mas escrever poesia é mais do que escrever bem"

embora se possa dizer que as conclusões a retirar não serão essas necessariamente     sempre tive muitas dúvidas sobre o valor do que escrevo em geral      e nestes dias de chuva até me tem apetecido concordar com os que dizem     e alguns são     que a minha desarte é uma fábrica de salsichas ou tijolos
contra os argumentos que de mim para mim tenho contraposto e que me vão permitindo insistir     hoje concordo     hoje concordo sim     até porque estou farto de ser como estou

mas todos procuramos iludir a morte     e eu só encontro esta saída na abissal solidão em que fui embrulhando a vida

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