Grande notícia: a mãe não vai ter de fazer quimioterapia. Para festejar, fomos almoçar fora. Há vários meses que não metia cadáveres à boca, o salmão grelhado não me caiu nada bem. Ou terá sido o vinho barato? Fosse como fosse, era um dia especial e bebi a parte que me cabia e a que não.
Anteontem, pela primeira vez neste três meses de sem ti, acordei no teu lado da cama. Sobressaltei-me primeiro, por pensar que podia estar a magoar-te, gostei depois de ocupar com o meu sono o espaço do teu. Sorri do calor que tantas vezes circulou entre os nossos corpos.
O meu segundo romance já tem lançamento marcado mas não me apetece falar do assunto. Gosto muito de escrever, tu bem sabes, quantas vezes interrompi os nossos abraços para apontar uma frase - mas que importância tem para os outros o que eu escrevo? Desconfio que, tarde ou cedo, virá à tona o meu exercício da vaidade. Entretanto, na maior parte do tempo estou lúcido e não espero nada.
Tu percebes, querido, foste tu que me ensinaste a querer cada vez menos.
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