sexta-feira, 21 de setembro de 2007

pesca sem arte

Sei de taças de vinho onde se pesca
em cada trago um verso igual a estes,
heróico quase sempre, mas às vezes
sáfico puro como aqui se atesta.

Se passa o tempo, e eu nunca tenho pressa,
posso ir dispondo os versos como vedes,
e se ainda então me não passar a sede
adiante sigo isto que assim começa.

Acresce que sai rica a rima toante,
por mais pobre que seja o que eu escrevo
e por mais enganado que assim ande.

Mas não me importo: sorvo a sorvo bebo
da taça inteira esses catorze instantes
que fazem o meu último soneto.

Sem comentários:

Enviar um comentário