há tempos ouvia-se muito em coimbra a sentença as desculpas não se pedem evitam-se
entretanto e ainda em dias que por lá passava senti que a frase foi morrendo
para meu contentamento que por várias razões sempre a detestei e que pelas mesmas entre mais nunca a usei
primeiro porque acho que é irritantemente simplista: as desculpas são para se pedir sim à parte essa carga judaico-cristã que a palavra exibe e mal se vislumbra e o que teoricamente se poderia aconselhar a evitar não são as desculpas em si mas os actos que a elas conduzem
segundo porque sempre me era dirigida a invectiva por toda e qualquer desculpa que pedisse desde a que antecedia uma simples interrupção de marcha alheia até à que resultava de um acto menos... desculpável
e terceiro por ser uma frase tão desapegada: é demasiado fácil e até algo desonesto coroar de evitabilidade o erro cometido
ora acontece que acreditando extinta a minha inimiga ouvi-a uma boa meia dúzia de vezes neste último ano agora aqui por lisboa
e mais uma vez em situações que me põem culpa e me atrevem ao pedido inútil
todos sabemos que a culpa não se desculpa que se alguém a pudesse desculpar seria o próprio que a sente
por isso amigos e não só na próxima vez em que eu vos fizer o ultrajante pedido entendei apenas: estarei confessando que preferiria não vos ter magoado
e respondei com um não aceito para serdes sinceros
ou com um aceito para serdes simpáticos
ou melhor ainda com a ciência do silêncio
mas as desculpas não se pedem evitam-se por favor...
tamanhos sois?
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