no público de hoje miguel esteves cardoso defende que os portugueses "confundem [...] o que é sempre igual com o que depende das diferenças de ocasião e das circunstâncias"
talvez mas na minha opinião ele só o pôde concluir porque se distraiu pelo caminho:
segundo ele as pessoas usam o termo conforme que significa "com a mesma forma" em situações que exigem o supostamente antípoda depende
e exemplifica: "pergunto se o rocha costuma comer muito dizem-me: é conforme como quem diz: depende do estado de espírito em que está e daquilo que lhe oferecem para comer"
ora para mim o conforme do exemplo está muito bem posto e claramente também depende: será como quem diz o rocha come conforme (com) o estado de espírito em que está... experimente-se substituir conforme por de acordo ou em conformidade e perceber-se-á melhor por que está bem assim
dito de outro modo miguel esteves cardoso estranha porque em vez de cotejar o conforme (com a situação) com o depende (da situação) coteja o conforme (consigo próprio, com o seu passado) com o depende (da situação)
ou seja esquece que o conforme se refere de igual modo à situação (factor variável) e não ao rocha isoladamente (factor supostamente constante)
desta última perspectiva fica claro que se o rocha come de um modo conforme com a situação também pode muito bem comer de um modo que depende dessa situação
deixem-me então concluir que os portugueses até podem não ser tão confusos assim
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