quinta-feira, 15 de agosto de 2019

SONETO PUBENTÍSSIMO

J.-J.-F. Le Barbier,
Cupido numa Árvore (1795-1805)
Quando na praia as ondas se perdiam
de encontro às rochas ou beijando a areia
e enfim ao astro ardente sucediam
os encantos da noite e a lua cheia,

oh quantas vezes houve que se ouviam
ao longe, ao longe, em som de melopeia,
tão sentidas canções que pareciam
de deusa, de nereida ou de sereia.

E embora em tua voz não encontrasse
timbre que fosse assim dulcissonante
nem conseguisse ver em tua face

a beleza, o candor desconcertante
que naquelas acaso imaginasse,
não há ninguém que como tu me encante.

Lisboa, 1980 *

O mais antigo dos sonetos sobreviventes.

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