sábado, 3 de agosto de 2019

SONETO DE FACTO

De facto, o giradiscos ainda risca
os cansados vinis de Jacques  Brel
e no cinzeiro jaz a última prisca
com o carmesim do teu adeus cruel.

De facto, a Lady continua arisca:
quando tento fazer o teu papel
sem ronrons me gadanha e segue à risca
a intolerância com que te é fiel.

De facto, como tu me prometias,
enche cada escaninho dos meus dias
a memória do dia em que partiste.

De facto, hoje como ontem ao teu lado
cumpro a pena de um homem condenado
a esta triste alegria de ser triste.

                                                                                         Leceia e 2015 / Lisboa e 1993

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