quinta-feira, 9 de setembro de 2010

e tu

talvez as melhores contas acabem no treze     como a dos animais que estimei e estimo     com ninho aos meus pés e coração na cabeça:

o branco e a riquita     cães em angola que a minha infância maltratava e que     ainda assim     me quiseram

três coelhinhos
o primeiro de todos     o terrífico     sempre pelos arcanos da casa     à espreita da vigilância esquecida
depois      esses que antónio chamei     à distância de um lustro: o de orelhas pelo chão     e o de orelhas como as orelhas são

o sapo-concho     em que nunca pensei com nome porque ele nunca mo quis     de meu pai ao lago roubado     um dia ao lago devolvido

o piloto     tão dono do meu destino

a bonita     tão ávida nas minhas mãos

a pombinha que no armário convalesceu e que     de ave já     se fez ao céu

o mais pequeno     mais raquítico porquinho     que roubei à morte na ninhada mas que trouxe a morte ao meu quarto

o barbas     velho amante     incondicional admirador do meu passado

o bê-dê     esse grande e meigo café com leite     feliz agora e tapete decidido na investigação dos meus passos

e tu     meu amor

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