talvez as melhores contas acabem no treze como a dos animais que estimei e estimo com ninho aos meus pés e coração na cabeça:
o branco e a riquita cães em angola que a minha infância maltratava e que ainda assim me quiseram
três coelhinhos
o primeiro de todos o terrífico sempre pelos arcanos da casa à espreita da vigilância esquecida
depois esses que antónio chamei à distância de um lustro: o de orelhas pelo chão e o de orelhas como as orelhas são
o sapo-concho em que nunca pensei com nome porque ele nunca mo quis de meu pai ao lago roubado um dia ao lago devolvido
o piloto tão dono do meu destino
a bonita tão ávida nas minhas mãos
a pombinha que no armário convalesceu e que de ave já se fez ao céu
o mais pequeno mais raquítico porquinho que roubei à morte na ninhada mas que trouxe a morte ao meu quarto
o barbas velho amante incondicional admirador do meu passado
o bê-dê esse grande e meigo café com leite feliz agora e tapete decidido na investigação dos meus passos
e tu meu amor
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