quinta-feira, 30 de setembro de 2010

NUMA NOITE COM OS MINUTOS DESTA

sabe     sempre soube     que não tem cama bastante para ti
e não sonha a casa que te aprisionaria     tudo o que tu não queres ele contigo enjeita

é por isso que não estranha o vazio do teu cabelo nas mãos que ainda lembram     e é também por isso que sempre conjuga os tempos da ausência na tua voz

numa noite com os minutos desta     descobre que já se habituou ao silencioso adeus com que foi morrendo na memória do teu ventre

numa noite com os minutos desta     apenas se consolaria do brevíssimo sorriso     do sopro de ontem     do pó sem futuro     que num cantinho de coração tu lhe tivesses guardado

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