António Rodrigues dos Santos (1942-1999)
Vão contigo, meu pai, todos os dias
de voar longe com as tuas asas,
tão robustas, serenas, decididas,
meu pai: tão minhas sem as ter roubadas.
Tanto tinha de tua a minha vida
que isto agora é só fim, vazio, nada,
abandono e tristeza, alma perdida
de saber que não voltas para casa.
O tempo acaba no teu corpo frio
sob o desassossego dos meus beijos
inúteis, pai, que já não tens regresso.
Escutasses o lamento do teu filho
nesta imensa recusa, neste anseio
de que, existindo, Deus te faça eterno.
Lisboa, maio de 1999
de voar longe com as tuas asas,
tão robustas, serenas, decididas,
meu pai: tão minhas sem as ter roubadas.
Tanto tinha de tua a minha vida
que isto agora é só fim, vazio, nada,
abandono e tristeza, alma perdida
de saber que não voltas para casa.
O tempo acaba no teu corpo frio
sob o desassossego dos meus beijos
inúteis, pai, que já não tens regresso.
Escutasses o lamento do teu filho
nesta imensa recusa, neste anseio
de que, existindo, Deus te faça eterno.
Lisboa, maio de 1999
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