que nas nossas memórias ficasse:
têm a textura das aves em fuga
e o desejo de fuga das aves,
o arrulho das noites em espera
o aroma impreciso do que há-de.
Porque agora já tudo me sobra,
que faço eu do que nunca me cabe?
Pensei dar-lhes o nome de rolas
porque arrulham e as rolas são aves.
Quando o amor nesses dias poalhava
de mistérios teu corpo sem dono,
quis mantê-las em conchas de mão,
concebê-las em sonos de sonho,
percorrê-las enquanto houvesse onde
conhecê-las em quandos de outono.
Que faço eu do que nunca foi meu,
se hoje acabo e já nada me cabe?
Talvez dar-lhes o nome de rolas
porque arrulham e as rolas são aves.
Leceia e 25 de junho em 2018
(1.ª versão: Lisboa em 1991)
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