quinta-feira, 15 de outubro de 2020

primeiro café da tarde XXIX


Lembra-me da era pré-covídea, já lá vão três décadas
e ainda isso não era pecado,
as manhãs que passei à tua porta
de olhos ávidos e gaforina ao vento
à espera de que chegasse a hora.

A hora nunca era a mesma
e, consoante a que fosse, assim se me guardava
mais ou menos o coração da tresloucada correria
que era o sintoma da tua existência.

Quando isto se descovidizar,
espero ter o à-vontade necessário para poder confidenciar-te,
cara a cara na esperança de que mo perdoes,
que fui investigador exaustivo do teu caminho.

Também na esperança de que investigação
e confidência te lisonjeiem,
espero ter o à-vontade necessário
para a minha chegada e a tua partida.

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