Aborreço o alvoroço à minha volta,
a TV, as conversas, o paciente
olhar dos outros para o meu desnorte,
o trabalho escusado sobre a porta,
as pantufas até de quem pretende
calmar ao fim da tarde o meu galope.
Mas o que mais aborreço
é este arrependimento,
rato sôfrego cá dentro:
amigo do meu amigo
gostaria de ter sido
na tormenta que me coube,
de ter travado em palavra
a hipocrisia que a trava
sempre que a vida ma trouxe.
Aborreço que todos os domingos
as melgas se organizem e por turnos
venham saber se continuo vivo,
aborreço que os espectros desavindos
no meu passado de animal nocturno
sempre me assombrem sem passar recibo.
Mas o que mais aborreço
é este arrependimento,
rato sôfrego cá dentro:
imune ao medo e ao perigo
de perder o já perdido,
quem me dera ter amado
as coisas simples da vida
sem a ânsia de quem precisa
nem o peso do passado.
olhar dos outros para o meu desnorte,
o trabalho escusado sobre a porta,
as pantufas até de quem pretende
calmar ao fim da tarde o meu galope.
Mas o que mais aborreço
é este arrependimento,
rato sôfrego cá dentro:
amigo do meu amigo
gostaria de ter sido
na tormenta que me coube,
de ter travado em palavra
a hipocrisia que a trava
sempre que a vida ma trouxe.
Aborreço que todos os domingos
as melgas se organizem e por turnos
venham saber se continuo vivo,
aborreço que os espectros desavindos
no meu passado de animal nocturno
sempre me assombrem sem passar recibo.
Mas o que mais aborreço
é este arrependimento,
rato sôfrego cá dentro:
imune ao medo e ao perigo
de perder o já perdido,
quem me dera ter amado
as coisas simples da vida
sem a ânsia de quem precisa
nem o peso do passado.
2018, outubro, Leceia
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