Imagino-te à espera do comboio
que há-de levar-te em viagens para longe
do meu, do nosso, dos amigos, de onde
o dia é longo e o amor foi sóbrio.
De meu já nada tenho que te conte
para lá deste incontornável ódio;
mas enquanto não chega esse comboio
que há-de levar-te em viagens para longe
escuta as lágrimas da nossa arte:
espelhado na urina que deixaste
o amor dorme sob soalhos flutuantes;
ícaro antes da cera derretida
de asas se põe e chama-te querida;
e deus existe ainda menos que antes.
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