Qual a lasciva chama que, ofegante,
falece na matéria consumida,
cravei de tuas unhas cada instante,
esmiuçaste, séria, a minha vida.
Cavalgámos o tempo a solta rédea
mas sempre fomos os outrora-amantes;
a nudez da alvorada embala a réstia
de olvido, agora, sob os corpos de antes.
E embora estejam de feição o vento
e de partida quase as caravelas,
há neste oceano largo nós a mais.
Nunca fomos bastantes para o invento,
nunca importantes para a descoberta.
A nossa viagem já não sai do cais.
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