Podes trocar a boca pelos lábios
em esperas e procuras desusadas;
correr-me o corpo como o sol em maio
sobre a terra fecunda e as nossas casas;
mordiscar-me na pele os pontos sábios
construídos na paz de outras moradas;
e esgotar na espiral desse trabalho
o princípio de tudo o que se acaba;
para depois, já como quem desiste,
rasgar-me a carne, lacerar-me em tiras,
espalhar-me de sangue pelas ruas
com o sorriso final dos sempre tristes;
e, preparada já para a partida,
perder a nossa cama noutras luas.
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