ocasos: luís caminha
(António Rodrigues dos Santos Júnior)
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
quadra 117
segunda-feira, 6 de maio de 2024
SONETO A UNS ANOS
quinta-feira, 28 de março de 2024
quadra 116
sábado, 16 de março de 2024
quadra 115
quarta-feira, 13 de março de 2024
primeiro café da tarde XLVIII
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024
quadra 114
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
quadra 113
quinta-feira, 19 de outubro de 2023
quadra 112
terça-feira, 26 de setembro de 2023
quadra 111
sábado, 9 de setembro de 2023
quadra 110
quinta-feira, 24 de agosto de 2023
primeiro café da tarde XLVII
como eu em agosto
segunda-feira, 24 de julho de 2023
primeiro café da tarde XLVI
sábado, 24 de junho de 2023
quadra 109
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
OFERTA (Leonard Cohen)
GIFT (Leonard Cohen)
You tell me that silence
is nearer to peace than poems
but if for my gift
I brought you silence
(for I know silence)
you would say
This is not silence
this is another poem
and you would hand it back to me
sexta-feira, 23 de setembro de 2022
quadra 108
terça-feira, 6 de setembro de 2022
poesia vertical 1-14 (traição a roberto juarroz)
domingo, 4 de setembro de 2022
eu não sou eu (traição a Juan Ramón Jiménez)
Soy este
que va a mi lado sin yo verlo,
que, a veces, voy a ver,
y que, a veces olvido.
El que calla, sereno, cuando hablo,
el que pasea por donde no estoy,
sábado, 3 de setembro de 2022
mulher-gato (traição a Enrique Jardiel Poncela)
quarta-feira, 24 de agosto de 2022
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
quadra 106
terça-feira, 16 de agosto de 2022
quadra 105 (quatre-vingts ans)
sábado, 13 de agosto de 2022
primeiro café da tarde XLV
sexta-feira, 12 de agosto de 2022
quadra 104
quinta-feira, 11 de agosto de 2022
quadra 103
quarta-feira, 10 de agosto de 2022
quadra 102
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
quadra 101
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
quadra 100
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
quadra 99
domingo, 31 de julho de 2022
quadra 98
sábado, 30 de julho de 2022
quadra 97
sexta-feira, 29 de julho de 2022
quadra 96
quinta-feira, 28 de julho de 2022
quadra 95
quarta-feira, 27 de julho de 2022
terça-feira, 26 de julho de 2022
quadra 92
segunda-feira, 25 de julho de 2022
domingo, 24 de julho de 2022
quadra 89
sábado, 23 de julho de 2022
quadra 88
sexta-feira, 22 de julho de 2022
quadra 87
sábado, 16 de julho de 2022
inverno
domingo, 10 de julho de 2022
soneto do meu amor serôdio
quarta-feira, 29 de junho de 2022
sexta-feira, 17 de junho de 2022
putineio
primeiro café da tarde XLIV
terça-feira, 14 de junho de 2022
primeiro café da tarde XLIII
domingo, 12 de junho de 2022
putinelho
putinesco, aputinado
sábado, 28 de maio de 2022
primeiro café da tarde XLII
sábado, 7 de maio de 2022
sábia
terça-feira, 8 de março de 2022
covídeo
segunda-feira, 7 de março de 2022
covidice
sábado, 1 de janeiro de 2022
1/100. MORIBUNDO LENTO
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
café da tarde XLI
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
primeiro café da tarde XL
sábado, 11 de dezembro de 2021
quadra 85
terça-feira, 9 de novembro de 2021
primeiro café da tarde XXXIX
sábado, 6 de novembro de 2021
primeiro café da tarde XXXVIII
sábado, 30 de outubro de 2021
o talento de amar-te
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
transparência e luz no teu aniversário
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
amiga
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
que se foda o homem (para o meu amigo savimbi)
sábado, 29 de maio de 2021
desmaio
desmaio s.m. finais de maio, tendo em mente, sobretudo, os dias de estio que se adivinham, quentes e por vezes infernais; fig. final de um período sereno e aprazível. (de maio)
EX: mais um desmaio
mais um desmaio (carta para Jane)
sexta-feira, 28 de maio de 2021
primeiro café da tarde XXXVII
que não o sabes
quinta-feira, 27 de maio de 2021
desquandar
decadência
Decadência - s. f. tendência patológica para deprimir durante uma década após perda traumática, sobretudo amorosa ETIM. década
terça-feira, 25 de maio de 2021
soneto do meu coração desquandado
quinta-feira, 6 de maio de 2021
Qhadija
.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Soneto desgovernado
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
perspectiva da alma (Mario Benedetti)
o silêncio do mar (Mario Benedetti)
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
soneto ancestral
uma náusea inquieta que me afunda
sorri-me então um vago tiritar
quando assim acontece tudo é dentro
terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
intermezzo osculatório
O averiguador consultava a ocorrência num papel. Responda-me só a uma coisa, senhor...
Pergunte, respondeu o senhor, sem se incomodar com as reticências.
Vejo que está calmo. Não se preocupa?
Com quê?
Com o que pode vir a acontecer-lhe. Sobretudo, com o que pode vir a acontecer à sua mulher.
Bastante.
Não parece. Talvez não saiba que pode ter de cá passar esta noite. Esta e outras... Que pensa disso?
É como disse. Preocupo-me.
Sim, claro. Preocupa-se. Já agora, pode explicar-me melhor com quê?
Com tudo. Com o que possa ter feito. Com o que os outros possam pensar de mim. Sobretudo, com a passagem do tempo.
O averiguador não queria acreditar. O meu amigo não pode dizer isso. É óbvio que não se preocupa. Está a esquecer-se da razão por que devia preocupar-se a sério.
Beijei a minha mulher, não é?
Ó meu amigo, beijou-a quando ela estava desprevenida e beijou-a à moda antiga. Sem um contrato prévio e sem máscara osculatória. É óbvio que não se preocupa com a opinião dos outros. É ainda mais óbvio que não se preocupa com a saúde dela. E, claro, não se preocupa nada com a lei.
Se eu lhe disser que provavelmente estava a dormir? Que estava no meio de um sonho quando o fiz?
Dormia, pois então. Acordemos em que dormia. Mas o que fez ao certo, enquanto dormia?
Aproximei-me dela, está visto. Só isso.
Só isso? Só isso seria muito. Mas parece-me que não foi só isso, pois não?
Recordo-me de que ela acordou aos gritos.
E de que se recorda mais quando ela acordou aos gritos?
Os meus lábios confundiam-se com os dela. Mas num primeiro instante...
A frase ficou presa porque nos lábios do averiguador se desenhou uma breve mas indesmentível onda de repulsa, que tentou disfarçar com um incentivo a que o outro continuasse. Num primeiro instante?
Num primeiro instante, os lábios dela pareciam dançar com os meus. Senti como antigamente a humidade da sua boca, o veludo da sua língua. No princípio estranhei. Éramos de novo aprendizes. Não beijávamos há... Não nos beijávamos desde a proibição.
À palavra proibição, sem espera nem disfarce, o averiguador olhou para o averiguado com o sorriso largo de quem obtinha por fim o que desejava. A sua mulher está em choque pelo crime cometido.
Mas ela parecia corresponder.
Ela estava a dormir. De qualquer modo...
De qualquer modo parecia corresponder.
Não é essa a informação que temos. A sua mulher não concordou com o beijo. Acordou aos gritos, apresentou queixa de imediato e a informação que tenho do centro de quarentena é de que vive em sobressalto com receio de estar contaminada. Não está arrependido?
O averiguado soltou um suspiro e, pela primeira vez, pareceu reconhecer o seu erro. É a minha mulher. Estávamos a sonhar.
Isso para mim são pormenores que só no julgamento serão tidos em conta. O que eu sei e o que apenas me interessa é que a beijou sem o seu consentimento, o que significa que ela é vítima de um crime e não cúmplice, como tem querido fazer-me crer.
Crime...
Sim. Há mais de uma década que os beijos estão proibidos e há mais de meia que foi agravada a moldura penal para quem os dá. Existem, como sabe, certos procedimentos obrigatórios para quem opta por gestos afectuosos. No mínimo são necessários um contrato escrito entre os osculantes e o uso de máscaras osculatórias por ambos.
Eu sei, mas...
Mas estava a dormir.
O averiguado baixou a cabeça e desistiu da defesa. Talvez não estivesse.
Aliviado, o averiguador deixou que um silêncio crescesse sobre as lágrimas que começavam a escorrer no rosto do outro. Vamos, não esteja assim. Toda a gente comete erros. O passo principal já foi dado ao reconhecer o crime. Agora é pagar por ele e seguir em frente. Retocou a máscara para se certificar de que estava bem colada ao nariz, levantou-se e mandou vir o carcereiro. Passa cá a noite e amanhã é apresentado ao juiz.
Já se faziam choro largo as lágrimas do criminoso. Enquanto o carcereiro o encaminhava para a cela, apenas pôde pronunciar, entre soluços, Por favor, avisem a minha mulher...
sábado, 23 de janeiro de 2021
um destino prometido
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
quadra 84
segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
quadra 83
sábado, 16 de janeiro de 2021
soneto sem futuro
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
quadra 82
quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
Esperança e Amor
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
O maior defeito de Belisa
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
domingo, 3 de janeiro de 2021
quadra 80
sábado, 2 de janeiro de 2021
Soneto do maior erro
sexta-feira, 1 de janeiro de 2021
inventário
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Soneto da São Silvestre de 2020
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
primeiro café da tarde XXXVI
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
primeiro café da tarde XXXV
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
primeiro café da tarde XXXIV
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
quadra 77
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
terça-feira, 17 de novembro de 2020
quase como tu
Como tu, sou papagaio,
minto e cedo à carne fraca;
como tu, mal me distraio
também corto na casaca.
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
quadra 75
domingo, 15 de novembro de 2020
quadra 74
aos pormenores da vida,
quando aceitei, já cansado,
sábado, 14 de novembro de 2020
quadra 73
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
homem
pouco me importa o que tive
se o que tive não conservo.
Faço por que seja um fio
este caminho que rasgo,
que ao homem basta o respiro
para logo fazer estrago.
Luto por erros ligeiros,
propensos quase ao olvido,
para ser homem a sério
há que não ter existido.
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
quadra 72
Se aconteceu habituar-me
a esta distância entre nós,
para morrer de saudade
basta ouvir a tua voz.
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
quadra 71
sem prodígio nem surpresa,
a minha única certeza.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
primeiro café da tarde XXXIII
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
epifanias
Representante do que uns designam de realismo sujo e outros apenas de escrita minimalista, Raymond Carver aborda o quotidiano, numa linguagem quotidiana, com uma sobriedade quotidiana.
A proposta é a de uma ausência de literatura. Mas é uma proposta mal sucedida: os doze episódios do livro são percorridos por desempregados, alcoólicos, divorciados e desentendidos, gente fazendo pela vida sob uma pena que, além de dominar os segredos do diálogo e da narrativa, detém a mestria da sua conjugação.
Acresce que resultam epifanias e redenções de pequenas quebras de rotina, de frases simples, de gestos previsíveis. E também aqui há literatura.
Catedral
Raymond Carver
Trad.: João Tordo
2010 (original: 1983)
domingo, 8 de novembro de 2020
para ser maior
Decide seguir o exemplo e assassinar uma velha agiota, um ser menor, desnecessário, prejudicial à sociedade (um piolho, nas suas palavras) e cujo dinheiro pode ser usado em seu proveito e dos outros. Já de início, no entanto, hesita. E quando finalmente se decide, comete vários erros. O maior dos quais o de assassinar também a irmã da agiota, que entretanto surge na cena do crime, a casa onde ambas vivem. A atrapalhação é tanta que, embora retire da casa algumas jóias e uma carteira, decide escondê-las até de si próprio.
A obra é uma longa viagem pela mente de Raskólnikov, os temores e as dúvidas que antecedem e, sobretudo, se sucedem ao crime. Talvez, afinal, ele não seja o grande homem que imaginou ser. Talvez por isso mereça o castigo que merecem os homens menores. E é ele próprio que vai de encontro, aos poucos, desse castigo. O seu percurso é, no fundo, o de descobrir que também é um piolho. E a redenção só acontece no momento em que percebe que um homem banal também pode ser amado.
Crime e Castigo
Dostoiévski
Trad.: Nina Guerra e Filipe Guerra
Editorial Presença, 2001
sábado, 7 de novembro de 2020
quadra 70
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
piccolino
«Se conheço bem o meu senhor, ele não poderá passar muito tempo sem o seu anão». Quem o diz é o próprio anão, que vai descrevendo no seu diário o ódio e o nojo que sente pela espécie humana, incluindo ele próprio e os outros anões. No fundo, é o desprezo pela vulnerabilidade que perpassa este grande livro de Pär Lagerkvist (1891-1974).
Num dos antigos principados da actual Itália e numa época do Renascimento onde grassavam a fome, a guerra e a peste, o anão Piccolino é a personificação do mal. A publicação do livro em 1944 e o nosso próprio auto-conhecimento levam-nos a perceber que esse mal é intemporal. O mal é intrínseco à espécie humana.
Com Piccolino percebemos como cada um de nós tem a tendência, por mais longínqua que nos pareça, para comparar e catalogar. Para odiar o melhor porque é melhor. Para odiar o pior porque é pior. Para odiar o igual porque nos repete. Quem não tem um Piccolino dentro de si? Devemos estar sempre vigilantes para que ele não se manifeste.
Pär Lagerkvist
Trad.: João Pedro de Andrade (original de 1944: Dvärgen)
Ed.: Antígona
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
a transparência do essencial
Talvez tenha de ser assim com muitos. São sempre necessários aqueles que acendem as luzes com que outros se iluminam. O drama é que não sejam e talvez não possam ser reconhecidos. Como as notas graves com que um contrabaixo constrói o caminho.
El Contrabajo
Patrick Süskind
Trad.: Pilar Giralt Gorina (original de 1981: Der Kontrabass)
Ed.: Seix Barral
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
quase tudo isto
Durante alguns anos, Bill Bryson decidiu compreender melhor a "história" do universo, desde o Big Bang até o aparecimento e evolução do homem. E como tinha dificuldade em compreender a literatura sobre os temas em causa, decidiu ser ele a abordá-los.
A narração das ideias e descobertas que nos ajudam a compreender o mundo é feita sempre com o foco nas personalidades e contradições, generosidades e ódios, ambições e desapegos dos seus protagonistas. E talvez o maior interesse deste livro esteja mesmo nesta verdadeira história, a"pequena história" dos homens que vêm aumentando o nosso conhecimento de quase tudo.
A Short History of Nearly Everything
Bill Bryson
Black Swan
2004 (1.ª ed.: 2003)
terça-feira, 3 de novembro de 2020
adolescência roubada
Na primavera de 1944, Anne Frank começa a rever o seu diário. Tem a intenção de dá-lo a conhecer ao mundo depois da guerra. Esta é a versão dita definitiva, sem os cortes e correcções a que o pai o sujeitaria antes de o publicar em 1947. A descoberta da sexualidade; a atracção por Peter, outro dos habitantes do anexo; a relação difícil com a mãe – tudo aqui volta a ser confessado a Kitty. Tudo aqui é revivido por esta infeliz rapariga que nos retratos nos aparece sempre com um sorriso, um suave e contido sorriso, e cujas palavras nunca desistem da vida.
The Diary of a Young Girl
Anne Frank
Eds. Otto J. Frank, Mirjam Pressler
Trad. Susan Massotty
2012
Original: Het Achterhuis [O Anexo Secreto]
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
cão fiel do nosso exagero
pedaço de fantasia
em mesa de esquecimento
o corpo que percorria
a noite que percorrendo
e nem por sonos sonhei
e nem de buscas te sei
sussurros com pedra fria
palavras que à boca invento
digamos que não havia
mais tu do que não havendo
e nem por muito se quis
e nenhuma alma condiz
talvez como quem te queira
verdades como te quero
mentiras desta maneira
em tempos já fui sincero
e nem por tudo o que faz
furtivo artista capaz
de saltos sob a fogueira
em cinzas do meu desvelo
por brasas como se esgueira
cão fiel do nosso exagero
Leceia e 27 de outubro em 2018