Homer & Langley autor: E. L. Doctorow trad.: Tânia Ganho págs: 176 ed.: Porto Editora 2009/2013 |
Os verdadeiros irmãos Collyer morreram em 1947, mas, à parte as liberdades narrativas de Doctorow, sobretudo para conseguir atribuir à sua ficção maior verosimilhança do que a da realidade, este é um belíssimo exercício sobre o modo como as nossas vidas são orientadas pelo nosso mundo de significados.
Pouquíssimas gralhas. A tradução, óptima e num português quase irrepreensível: apenas uma ou duas vezes senti que me faltava um "de" a acompanhar verbos que o exigem (o que revela que Tânia Ganho sabe escrever melhor do que muitos monstros sagrados da literatura portuguesa actual); e, só porque percebo um pouco de assunto, torci o nariz ao ver rods traduzido por hastes: quando estamos a falar de olhos, encontro sempre bastonetes nos livros de anatomia. Pormenores menores mesmo e que não beliscam esta certeza: Tânia Ganho é uma tradutora maravilhosa que soube reconstruir a partir do original um texto cuja leitura se torna compulsiva.
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