terça-feira, 2 de abril de 2013

a maria não me deixava fumar (1988)

Puxo distraído de um cigarro
e ajeito-o levemente
a um canto da boca.
Entretanto, nem reparo
que este movimento
rotineiro banalizado
é uma procura.
Acendo-o como quem não quer
nem aquilo nem coisa nenhuma
e arranco do tabaco consumido
o fumo que posso.
Retenho-o porque o amor
esteve em nossos corpos.

A Maria não me deixava fumar.

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