quarta-feira, 24 de abril de 2013

24.04.2013

O que tenho feito? Quase nada. Continuo a escrever, claro, mas já muito menos e sem aquela crença de que tinha alguma coisa para dizer. Escrevo aqui, aqui apenas, meia dúzia de minutos por dia para meia dúzia de amigos que perdoam a métrica e a rima em que muitas vezes me entretenho - e que hoje em dia são tão mal vistas.

A vida encarrega-se de pôr as coisas no lugar certo, já não tenho aquelas ambições de puto parvo. O romance que estava a escrever quando morreste - destruí-o há dias pela enésima vez. Ainda hoje pensei em recomeçá-lo, mas chega a noite, chega a ausência, e não me faz sentido. De qualquer modo, estou demasiado velho e cansado para começar tudo de novo, para voltar a fazer o que fiz durante quase trinta anos da minha vida: mandar manuscritos para editoras que nunca me respondem ou que respondem passado um ano a dizer que o texto não se encaixa...

Faz hoje quinze meses que morreste e abandonaste as minhas mãos ao vazio. Talvez seja por isso que estou assim: sem esperança. Não sei. O que sei é que escrever não resulta.

Ah... vem aí o verão. Lembras-te como era? Deitávamo-nos os dois sobre o fresco do chão e, focinho com focinho, adormecíamos ao ritmo ajustado das nossas respirações. Meu querido Barbinhas, que falta me fazes...

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