Barbinhas,
Agora é tão mais fácil correr... Posso ir distraído, sem ter de maçar a cabeça na contagem dos quilómetros por quarteirões repetidos: o aparelho que arranjei diz-me que acabo de fazer doze quilómetros numa hora e que gastei nisso à volta de mil calorias.
Rir-te-ás, eu sei: as tareias que me davas quando ias atrás dos gatos e me levavas atrás de ti... E talvez também te rias destes meus setenta e seis quilos actuais, que não abatem, que não gosto nada de ver ao espelho. É que me sinto mais velho, sabes? Além disso, embora tenha recomeçado a cansada arte de empurrar o planeta, também venho abusando das casas dos outros, da mãe, dos amigos, onde chego sempre com duas garrafas de vinho nas mãos e saio quase sempre com as mesmas duas no bojo. Acresce que durmo de menos, o que, dizem, não ajuda.
Mas nem tudo é mau. O perene bolso vazio, é verdade, mas, um pouco por isso mesmo e desconfio que apenas por enquanto, algo dono do meu tempo.
Enfim, tenho vindo a descobrir alguns recantos intactos no meu coração. E já sorrio mais do que entristeço ao recordar as tuas doidices...
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