Na sexta-feira
passada, o André chegou da escola com esta: “Ó mãe, tu sabias que as coisas não
têm cor?" Não soube explicar porquê, mas garantiu: "Não têm mesmo, mãe, o
professor disse que não têm."
O jantar foi
diferente. Afinal, tudo o que estava na mesa era mentira. A sopa, as batatas, as
cenouras, o bacalhau, a gelatina. Tudo sem cor. A camisolinha azul, tão bonita, que eu ofereci no outro dia ao meu filho,
os olhos verdes que ele me roubou. Não, não tinham cor. Se calhar nem
existem.
E o problema é que
agora nós sabíamos. Que coisa esta, as coisas não terem cor.
Mas, como
dizia o meu pai, "estamos perante um excesso de zelo". É como dizer que o sol nunca
nasce e o sol nunca se põe. Claro que nasce e claro que se põe, isso faz muito
mais parte de nós do que ter a certeza de que é a terra que o procura e o esconde.
As coisas não têm cor porque a cor que têm depende da radiação que absorvem, da radiação que emitem e dos olhos que as vêem: isto foi o que eu levei toda a noite a descobrir nos livros. Mas para mim isso não é não terem cor, é terem infinitas cores mesmo que se diga que só têm uma. E também é assim para o André. Quando acordei de uma noite mal dormida, ele estava ao pé de mim com um segredo para me dizer:
As coisas não têm cor porque a cor que têm depende da radiação que absorvem, da radiação que emitem e dos olhos que as vêem: isto foi o que eu levei toda a noite a descobrir nos livros. Mas para mim isso não é não terem cor, é terem infinitas cores mesmo que se diga que só têm uma. E também é assim para o André. Quando acordei de uma noite mal dormida, ele estava ao pé de mim com um segredo para me dizer:
“Ó mãe, as coisas
têm cor, sim. O professor é que tem de voltar a aprender como se
pintam.”
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