segunda-feira, 4 de março de 2013

dormir de lado

“O João dizia que não sonhava, o que não é verdade. Não queremos dizer que ele estivesse a mentir, simplesmente não estava a dizer a verdade.” Era mais ou menos isto que garantia o livro que ela estava a ler, num capítulo dedicado aos sonhos. Embora o dissesse de um modo muito diferente e fizesse de conta que não conhecia o João.

E era verdade, o João sonhava, sim. Sonhava os sonhos dela. Esses sonhos estranhos e disparatados, tanta coisa que a cansa e que a desperta sem energia, tanta coisa que ele acariciava na sua nuca: “Está tudo bem, querida. Eu vou contigo.” E depois dava-lhe um beijo e a seguir entrava no seu sono e então repartia os cansaços com ela.

Tinha saudades do João. Tanto que ele lhe queria dar. Tão pouco que ela deixou.

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