“O João dizia que não sonhava, o que não é verdade. Não
queremos dizer que ele estivesse a mentir, simplesmente não estava a dizer a
verdade.” Era mais ou menos isto que garantia o livro que ela estava a ler, num capítulo
dedicado aos sonhos. Embora o dissesse de um modo muito diferente e fizesse de conta
que não conhecia o João.
E era verdade, o João sonhava, sim. Sonhava os sonhos dela.
Esses sonhos estranhos e disparatados, tanta coisa que a cansa e que a desperta
sem energia, tanta coisa que ele acariciava na sua nuca: “Está tudo bem,
querida. Eu vou contigo.” E depois dava-lhe um beijo e a seguir entrava no seu
sono e então repartia os cansaços com ela.
Tinha saudades do João. Tanto que ele lhe queria dar. Tão
pouco que ela deixou.
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